OBESOS SENTEM MENOS O SABOR DOS ALIMENTOS
Ao
contrário do que se imagina, a sutileza do gosto de cada alimento é mais
difícil de ser sentida por quem está acima do peso
Engana-se
quem pensa que, as pessoas que comem demasiadamente, o fazem porque apreciam
bastante o sabor dos alimentos. Na verdade, quem consome muitas calorias tende
a perder a sensibilidade para sabores mais sutis e nuances do gosto.
Quem
explica é endocrinologista Andressa Heimbecher, especialista em Emagrecimento.
“O que os estudos têm demonstrado é que acontece uma perda de sensibilidade ao
sabor e de discriminação do paladar nos pacientes obesos, o que é diferente do
que se imaginava”, ilustra.
Segundo
a especialista, isso acontece porque o cérebro dos obesos parece demorar mais
para perceber a informação dos alimentos a ele transmitida. Isto se dá pelos
receptores que temos na língua, no estômago e no intestino que captam os
sabores doce, amargo, salgado, azedo e umami (o gosto “destacado” dos
alimentos, o que os deixa ainda mais saborosos).
O fenômeno – chamado de
modulação de sabor – é caracterizado pela perda da sensibilidade de sentir
sabor e vem sendo muito estudado em pacientes que estão acima do peso.
Andressa
reforça que existem várias hipóteses para explicar essa condição. Uma delas é
de que as células receptoras de sabor perdem a responsividade diante de uma
dieta rica em gordura, o que leva ao ganho de peso. “Pessoas ansiosas são mais
sensíveis ao amargo e ao salgado, o que poderia explicar em parte uma preferência
delas pelo sabor doce. Sabe-se também que quando os pacientes perdem peso após
uma cirurgia bariátrica existe uma mudança na preferência alimentar, reduzindo
a vontade de consumir bebidas e alimentos de alto valor calórico, como sorvetes
e refrigerantes”, esclarece.
Estudos
– “O consumo alimentar é controlado pelo apetite, que por sua vez é regulado
por vários mecanismos neuronais, dentre eles o sistema do sabor”, detalha a
endocrinologista. Ela ressalta que evidências sugerem que a percepção do sabor
pelo cérebro é alterada também em animais acima do peso. Um exemplo é um estudo
publicado no final de 2013, que ligou o ganho de peso à alteração de apetite em
ratos. Após 10 semanas de dieta rica em gordura, análises comportamentais
demonstraram que os ratos perderam a capacidade de discriminar alguns estímulos
de sabor comparados com aqueles que não ganharam peso.Blog Amelias.
Além
disso, em estudos com crianças obesas, percebeu-se que elas detectaram menos
sal, amargo e umami quando comparadas a crianças com peso normal. Já as pessoas
que perderam peso apresentam melhora na percepção do sabor e mudanças no
paladar, preferindo alimentos menos calóricos.
Mudança
de hábito – A boa notícia é que, de acordo com a endocrinologista, é possível
reeducar o paladar para consumir menos alimentos calóricos, tanto nas crianças
quanto nos adultos. “A alimentação saudável é o pilar central de qualquer
processo de emagrecimento e ainda que os processos que culminam na decisão
sobre quais alimentos vamos consumir não sejam totalmente compreendidos pela
ciência, podemos intervir positivamente”, lembra.
Para
“normalizar” os receptores de sabor, o segredo é reduzir o conteúdo de gordura
da alimentação. Consequentemente, a sobrecarga nos receptores de sabor se
reduz. “Com isso, é possível que a discriminação do paladar melhore”, avalia.
Entretanto,
o ideal é começar a educar o paladar desde cedo. A alimentação de bebês e
crianças, por exemplo, deve ser saudável, com baixo teor de gorduras e
carboidratos. Carboidratos integrais e gorduras “boas” – poli-insaturadas (como
óleo de girassol e a gordura de peixes como o salmão) e monoinsaturadas (como
as contidas no azeite, nozes e abacate) – devem substituir as gorduras trans e
as saturadas.
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